Ressignifica-ação
O relógio despertou! Num sobressalto ela pulou da cama, olhou para o despertador, já estava em cima da hora.
Levantou, tomou banho, se alimentou de forma saudável, colocou sua roupa preferida, ou seja, uma bermuda, camiseta e um tênis. Mas de repente parou e pensou! Mas porque estou com pressa? Por que levantei tão cedo, se não tenho onde ir?
Sim, pois no decorrer de sua vida, ela fez isso, mas lá se foram 35 anos de trabalho.
E agora? O que farei? Enfim, estou aposentada! Este é o sonho de muita gente que trabalha duro todos os dias, mas agora, ela se viu assim, meio sem rumo, meio sem pertencimento, a vida mudou, o cotidiano, a rotina, tudo mudou.
Ela se olhou no espelho, olhou para o relógio que a despertou por tantos anos, colocou-o dentro da gaveta, abriu a janela, o sol brilhando lá fora, já estava de bermuda e tênis, então resolveu sair para caminhar. Passou a caminhar todos as manhãs, um dia decidiu começar a correr e foi assim que ela se tornou uma maratonista.
Após tanto correr e se tornar uma maratonista, ela sentiu que queria algo mais. Comprou uma bike, contratou um profissional da área de esportes e começou a treinar.
Pensando nos dias intensos de treino, onde precisava acordar cedo, foi que ela tirou da gaveta aquele velho despertador que também estava aposentado e passou a utilizá-lo novamente na sua rotina. Programou-o para as 6hs da manhã, mas agora não pulava da cama num sobressalto como se estivesse sempre atrasada. Agora ela acordava com calma, se alongava ali mesmo na cama.
Pensando nos dias intensos de treino, onde precisava acordar cedo, foi que ela tirou da gaveta aquele velho despertador que também estava aposentado e passou a utilizá-lo novamente na sua rotina. Programou-o para as 6hs da manhã, mas agora não pulava da cama num sobressalto como se estivesse sempre atrasada. Agora ela acordava com calma, se alongava ali mesmo na cama.
Ela era amante de poesias e tinha como companhia um livro de cabeceira, o livro da vez era uma Antologia escrita por mulheres e todos os dias ela abria numa página aleatória e lia uma poesia, a qual ela sempre acreditava que foi feita pra ela, pois a mensagem era sempre certeira.
Após a leitura, ela se levantava vestia sua bermuda, camiseta e tênis, comia algo leve e saia para seu treino, fazia 10km de corrida e mais 10km de pedalada. Um dia ela percebeu que toda aquela rotina já estava sendo uma espécie de obrigação, pois ela tinha que no treino cumprir metas de superação sempre.
No dia seguinte ela deixou a bicicleta em casa e saiu para correr os 10km, neste dia decidiu voltar para casa caminhando tranquilamente, decidiu não ter compromisso e nem cumprir metas, ela apenas queria observar a cidade como ela é, passou a ler os muros pintados com poesias que ela também acreditava terem sido escritas para ela. Chegou em casa e guardou o despertador dentro da gaveta.
[ Silmara Mielke ]
Silmara é escritora-membro do grupo de Oficina de Escrita Carol Gaertner e tal criação literária é fruto de uma atividade desenvolvida em um dos encontros da Oficina, baseada em "insights" proporcionados por recortes de frases criativas. A inspiração mora no cotidiano das coisas simples. Que tal nos mirarmos no exemplo da Sil e fazermos a ela uma visita de bike também? - e com o relógio guardado na gaveta de preferência!
[ Silmara Mielke ]
Silmara é escritora-membro do grupo de Oficina de Escrita Carol Gaertner e tal criação literária é fruto de uma atividade desenvolvida em um dos encontros da Oficina, baseada em "insights" proporcionados por recortes de frases criativas. A inspiração mora no cotidiano das coisas simples. Que tal nos mirarmos no exemplo da Sil e fazermos a ela uma visita de bike também? - e com o relógio guardado na gaveta de preferência!
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