Ode à Curitiba

Se na sua terra tem palmeiras, onde canta o sabiá, aqui onde eu moro tem pinheiros, gralhas, quero-quero e chamam os meninos de piá.

Em tempos de inverno é necessário usar japona. Chove tanto que em alguns bairros a água vem à tona. 

Pinhão, chimarrão, quentão, tubão. Tudo no aumentativo para espantar o friozão.

A geada deixa a mimosa doce, congela o gramado, faz a pessoa mais higiênica deixar o banho de lado.

Clima europeu? Deixe essa história de lado. E vá para lá com essa conversa de que no frio ficamos mais elegantes: isso está errado!

Toucas, botas e cachecóis... Gosta de andar amarrado? Depois de uma semana úmida, sem sol, ai de "nóis"! Tudo fica mofado...

Nariz vermelho, escorrendo coriza. Se a sua casa for de madeira, cuidado com a brisa!

Apesar de tudo, amo minha terra, meu Estado. Temos palavras tão diferentes que, para turistas, parece mais um emaranhado.

Na escola eu usava um penal de madeira, vinha pão com vina na lancheira e quando eu desejava mal a alguém me diziam: - Crêndiospai, guria! Bata na madeira!

[ Marion Ribas ]



Marion é escritora-membro do grupo de Oficina de Escrita Carol Gaertner e tal criação literária é fruto de uma atividade proposta em um dos encontros da Oficina, inspirada na comemoração de aniversário dos 326 anos da terra do pinhão, da vina e do leite quente,nossa 'formosa-toda-toda' Curitiba. A inspiração mora no cotidiano das coisas simples. Que tal nos mirarmos no exemplo da Mari e fazermos a ela uma visita também? Mas cuide com a friaca daí - não esqueçam de levar a japona,piazada! 

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